Para falarmos pela primeira vez aqui no site, nesse mês de outubro, em que nos encontramos na campanha do Outubro Rosa, escolhi o tema Câncer e Acupuntura. O câncer é o reflexo de um processo, que começou há pelo menos uma década ou mais, ou seja, antes da manifestação dos sintomas. Tem como causas fatores relacionados ao estresse, estilo de vida, escolhas alimentares. Dentro da visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) o câncer é considerado uma doença geral com uma manifestação local. O sistema adoeceu! Assim, consideramos que a pessoa como um todo deve ser tratada e não apenas os sintomas ou o órgão doente.
Atualmente, a tecnologia ampliou a luta contra o câncer, os tratamentos convencionais estão mais eficientes, mas extremamente tóxicos, provocando diversos efeitos colaterais como náuseas, vômitos, dor, depressão e imunossupressão. A acupuntura tem por objetivo, atuar complementando os tratamentos convencionais ao atenuar os sintomas relativos ao câncer e amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia. Visa também o tratamento do tumor, pois trata o paciente como um todo, estimulando o seu sistema autoimune, auxiliando a pessoa a reestabelecer seu equilíbrio. Um estudo realizado em 2007, pela Faculdade de Medicina de São Paulo, sobre a ação da acupuntura em pacientes de câncer de mama submetidas à quimioterapia, chegou à conclusão de que há uma diminuição da intensidade e duração de náusea e vômito pós-quimioterapia. Outro estudo feito entre 2012 e 2013, no Serviço de Fisioterapia do Centro de Oncologia Bucal da Universidade Estadual de São Paulo, identificou que a utilização da acupuntura contribuiu com a diminuição da ingesta de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios pelos pacientes, reduzindo os gastos com os medicamentos e diminuindo os efeitos colaterais indesejados causados pelos mesmos, proporcionando aos pacientes uma melhor qualidade de vida. Outra pesquisa feita pela Universidade Estadual de Campinas em 2005, sobre a acupuntura na reabilitação de mulheres após tratamento cirúrgico do câncer de mama, concluiu que houve melhora significativa nas limitações de amplitude de movimento do ombro na flexão e abdução, bem como no grau do linfedema e em outros parâmetros avaliados, como sensação de bem-estar, sono e atividades de vida diária, demonstrando ser uma alternativa terapêutica a ser utilizada na reabilitação pós-cirúrgica por câncer de mama.

Dr. Milena Castro é fisioterapeuta e acupunturista