DURO NA LUTA E MOLE NA QUEDA

Eu sou Altamirando Alves Rodrigues, piatãense de nascimento, livramentense por opção. Dentre outras razões, pelo fato de ter ali vivido o que considero meus anos dourados, incluindo a participação na histórica turma do Colégio João Vilas Boas, concluinte do Curso Ginasial de 1964, cuja foto, do arquivo de Jorge de Irênio, irmão da colega Marlene,  publicada nos Sites locais no ano passado, ensejou a um blogueiro escrever a seguinte frase:  " época de brincadeiras quase inocentes e responsabilidade quase inexistente”.  Concluído o curso Ginasial e atingido a maioridade relativa, em fevereiro de 1965 parti para Salvador na busca de conhecimentos superiores e ingresso no campo de trabalho produtivo. Em março já estava trabalhando na incipiente COELBA, posteriormente na também incipiente EMBASA, e em 1981, por força de aprovação em Concurso Público fui nomeado Delegado da Polícia Civil da Bahia. Como Delegado servi aos Municípios de Brumado, Euclides da Cunha, Irecê, Jacobina e Salvador. Durante esse meio século jamais perdi a oportunidade de estar em Livramento. E mais uma vez, no dia 20 de junho lá cheguei, e como o fiz nos últimos dez anos, acompanhado do meu amado filho João Filipe, que ao ouvir falar sobre viagem para Livramento parece receber um pedaço do céu. Dessa feita para participarmos dos últimos festejos juninos e especialmente do Arraia da Heloisa, em comemoração ao aniversário da queridíssima sobrinha Helô, filha dos meus compadres, cunhada e irmão Cleise e Maricélio, padrinhos de João Filipe.

Nos dias 20, 21 e 22, desfrutamos da finíssima hospitalidade dos meus sobrinhos, casal Aline e Guto, muito bons gourmets, independentemente da estação. Na noite de 22 estive na Cidade de Dom Basílio assistindo ao Show de Flávio José, proporcionalmente falando, ao custo de um tostão, mas, com brilho de um milhão. Já parabenizei João Careca pessoalmente e aqui o reitero. Nos dias 23 e 24, usufruímos do boníssimo viver na Chácara Sorriso, no sopé do Monte Oliveira, propriedade da cunhada Cleise e irmão Maricélio.

No dia 25 retornamos ao convívio de Aline e Guto, e na manhã do dia 26 preparávamos para irmos à cidade de Abaíra, e já à saída, resolvi passar no que costumo chamar Vila Hipólito Silva, situado entre as Ruas Cônego Higino e João Hipólito Rodrigues, onde residem minha madrasta Adalgisa, as irmãs Vânia e Maricélia e seus respectivos esposos, José Xavier e Marcílio, e ainda Cleise e Maricélio, Luzinete e Edmundo, para saber de alguém que aceitasse carona, considerando o grande número de pessoas que se mobilizam entre as duas cidades, especialmente em ocasião festiva.

Estacionei o veículo, descemos e pedi a João Filipe para entrar na Villa e fiquei conversando com o amigo Sérgio, Pastor Evangélico e militar da reserva da Força Aérea Brasileira. Aí aconteceu o jamais imaginado e muito menos desejado. Sofri, metaforicamente falando, verdadeira implosão, o que a medicina costuma chamar de síncope, vertigem ou desmaio. Fui prontamente socorrido pelo meu amigo Sérgio e após alguns segundos recobrei a consciência e ouvi o amigo Sérgio e seu filho Hilton me pedindo calma, recomendando respiração profunda enquanto minha sobrinha Ana Paula e seu noivo Dr. Marinho Neto, tentavam estancar a hemorragia originária de um corte que sofri no supercílio. Com lágrimas nos olhos, lembrei-me e em silêncio recitei as palavras de JÓ: “Eu sei que o meu Deus está vivo e Ele levantará para mim”. Quinze minutos passados, mais ou menos, recebi os primeiros socorros prestados pelos paramédicos da equipe do SAMUR, a quem costumo chamar, sem plágio a Tião Carreiro e Pardinho, de heróis sem medalha.

Fui conduzido para o Hospital de Livramento e recepcionado pelo corpo técnico de enfermagem e examinado pelo Dr. Cristiano Azevedo, que não só constatou a necessidade, mas, requisitou a submissão ao eletrônico cardiograma, contudo, confessando a indisponibilidade momentânea do aparelho no Hospital. Fui conduzido, desta feita pelo meu sobrinho Guto para a MEDICLIM onde fui atendido pelo Dr. Antônio Tanajura Gomes Neto, sendo alertado, porém, que o resultado só sairia às 14h.

Ao invés de retornar ao Hospital, equivocadamente fui para a residência de Maricélio e após almoçar passei a sentir tonturas mais frequentes e menos fortes. Recebi telefonema do Dr. Cristiano, pedindo a minha condução imediata para o Hospital. Lá chegando fui mais uma vez examinado, de cujo exame participaram os Drs. Cristiano, Antônio Tanajura Neto e Ulisses Celestino Júnior, diagnosticando a Junta, baixíssima pressão arterial e  arritmia cardíaca, dificilmente de serem controladas com o instrumental que o Hospital dispunha. Exercitaram o sistema de regulação, diga-se, eficiente e eficaz em alguns países, mas, ainda deixando a desejar nos Estados brasileiros que o adotaram, incluindo a Bahia.

Tomando conhecimento do diagnóstico, minha cunhada Viviane Chicourel, sempre presente em todas as horas e em qualquer caminhada, a pedido de meu irmão João, prefeito de Abaíra, deslocou-se em companhia de meu irmão Antônio para o Hospital de Livramento e agora, já contando com a participação do Dr. Alfredo Matias e do valiosíssimo empenho do Policial Militar e enfermeiro, meu conhecido de Itapetinga,  conseguiram a regulação para o Hospital São Vicente (HSVP). Restava o transporte, que o Hospital de Livramento também não dispunha. Contatos foram feitos e o Prefeito de Paramirim, Dr. Júlio, disponibilizou a Ambulância que me conduziu. No interior da Ambulância, na saída de Livramento, ouvi o médico comentar coma sua auxiliar: não estou sentindo o pulso dele, instale a máscara do oxigênio urgentemente. Adormeci, só acordando na chegada ao Hospital São Vicente em Vitória da Conquista. Fui internado na UTI e se iniciou a luta da equipe médica para o restabelecimento da normalidade de minha pressão arterial que chegou a nivelar sistólica e diastólica, por pouco não me levando ao coma; batimentos cardíacos que insistiam nos 140, e taxa de glicemia, também altíssima. Graças ao meu bom Deus que iluminou a equipe médica, tudo isso foi controlado e às 12h de hoje fui transferido da UTI para o quarto, de onde digito esta exposição.

GRATIDÃO: a palavra trissílaba mais polissilábica que conheço. E mesmo ainda lhe dando extensão e profundidade incomensuráveis não traduziria o que sinto por todos que contribuíram pelo meu restabelecimento: minha madrasta Adalgisa, meus irmãos e irmãs, sobrinhos, primos, cunhados, amigos, genros, com destaque para o gabaritado jornalista Yonélio Sayd, minhas filhas Cassiana e Mônica, meu filho João Filipe, infante na idade, mas, adolescente na atitude, sua mãe Lucimar e o quadro de servidores do Hospital de Livramento e São Vicente de Paulo, possuidores de extraordinária consciência profissional, desde a limpeza até os seus diretores. Mas, seria injusto não destacar os nomes dos médicos Cristiano Azevedo e Antônio Tanajura Gomes Neto do Hospital de Livramento e Dr. Rondinelli Souza do Hospital São Vicente. E de propósito, ultimo na citação, mas primeiro na relação, meu sobrinho ÊNIO RODRIGUES TANAJURA, médico cardiologista que me acompanha em Salvador, em residência na Fundação Baiana de Medicina, que embora à distância monitorou todo movimento.

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Comentários

Yonélio Sayd

"Eu costumo acreditar na pureza da alma de uma pessoa. Eu costumo referenciar meus respeitos aos amigos (não há amigos verdadeiros ou falos, os amigos são amigos, pronto!). E quando sinto o quanto meus amigos são leais à nossa amizade, retribuo com os mesmos sentimentos recíprocos. Quando fui informado do mal súbito do meu amigo Altamirando"


Yonélio Sayd

"Eu costumo acreditar na pureza da alma de uma pessoa. Eu costumo referenciar meus respeitos aos amigos (não há amigos verdadeiros ou falos, os amigos são amigos, pronto!). E quando sinto o quanto meus amigos são leais à nossa amizade, retribuo com os mesmos sentimentos recíprocos. Quando fui informado do mal súbito do meu amigo Altamirando"


Raimundo Marinho

"Mirandão, que susto! Mas graças a Deus que já está estabilizado. Com os meus votos de pronta recuperação!"


Jose Maria A Castro

"Caro MIRANDA, Impressionate o seu relato! Principalmente pela sua narrativa tão detalhada e precisa dos eventos, apesar da intensidade dos problemas que lhe afetavam naqueles momentos. Quero desejar-lhe um recuperação plena e duradoura. Você sempre foi e sempre será um vencedor. Força, fé em Deus e disciplina - que sei que você tem de sobra - farão você superar tudo isso. Boa Sorte!"

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